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E agora, ao fim de cinco meses, voltava a ser a minha própria dona.
E estava ali, sentada numa cadeira da esplanada, com um copo de cerveja numa mão e um cigarro na outra. Conversei de tudo e mais alguma coisa, coscuvilhei a vida de algumas pessoas e até fiz alguns planos para os fins-de-semana que se seguiam, sem te incluir neles. Até que me perguntaram por ti, e eu calei-me. Ao inicio, todas ficaram a pensar que estávamos a passar mais uma das inúmeras crises que tínhamos todos os meses, em que deixávamos de falar dois ou três dias, mas depois um de nós lá cedia e tudo se voltava a construir. Mas logo se aperceberam que não. As minhas feições mudaram, a minha voz tornou-se mais grossa e séria, assim como a minha respiração, os meus movimentos, e até o brilho dos meus olhos era diferente. Expliquei rapidamente que estava tudo acabado, e até lhes disse que me sentia melhor assim. Falei com tanta convicção que todas acharam que realmente tinha decidido seguir a minha vida, e ninguém reparou que a minha vida tinha acabado de perder toda a estabilidade. Nem eu mesma o entendi.
/ cárina machado.
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